Por viver com dermatite atópica grave (D.A.), as pessoas estão sempre a fazer-me muitas perguntas. O que tens na pele? É contagioso? Porque estás a coçar? É algo que nunca fui capaz de ignorar.

A comichão e a pele seca começaram quando era bebé. Não me lembro, mas os meus pais nunca se esquecerão da "interminável vontade de coçar" e das noites sem dormir. Os meus médicos pensavam que era algo normal nos bebés, mas não parava de piorar.

Durante muito tempo, os médicos tentaram vários tratamentos, mas nada resultava. Nessa altura, eu coçava-me até ficar em carne viva. Chorava e não dormia de noite por causa das dores. Até fui internado algumas vezes em virtude das infeções.

Finalmente, aos quatro anos, fui diagnosticado com D.A. grave. Foi um alívio para a minha família finalmente ter um diagnóstico, mas a batalha difícil não ficou por aí – era apenas o começo.

Batalha difícil

Ao longo dos anos, a D.A. tem-nos tirado muito a mim e à minha família. Noites sem dormir e pele dorida faziam-me faltar muito às aulas. Os ataques graves faziam com que os meus pais tivessem de sair do trabalho a meio do dia para cuidarem de mim.

Chegou ao ponto que a minha pele ficou muito mal, especialmente atrás dos joelhos e nas dobras dos cotovelos, onde tinha feridas abertas. Eu andava pela casa como se fosse um aleijado, sem conseguir fletir os braços e as pernas, pois a pele seca doía muito.

À medida que crescia, só queria jogar beisebol, o meu desporto favorito. No entanto, a relva e o calor da primavera pioravam a D.A.. O basquetebol e o suor do ginásio causado pelo calor tinham o mesmo efeito. O suor é um grande desencadeador da minha D.A., por isso, tive de deixar para trás o sonho de uma vida desportiva. 

As pessoas olhavam para mim e pensavam que eu era contagioso. Eu parecia — e sentia-me — como um proscrito. Ninguém me entendia. Só queria ser aceite pela pessoa que era. Isso acontece quando as pessoas são informadas. Então percebi que primeiro tinha de me informar melhor.

Adquirir novos conhecimentos

Eu e a minha família sempre fomos ativos na comunidade de D.A. ao aprendermos mais sobre a doença e ao nos relacionarmos com outras pessoas que vivem com ela. Numa conferência recente de D.A. para a comunidade, aprendi sobre a inflamação Tipo 2, que é uma resposta hiperativa do sistema imunitário que pode causar a D.A. e pode também ser o catalisador para outras doenças como asma e alergias alimentares, com as quais também me tenho debatido.

Decidi transformar uma coisa negativa em algo positivo e usar essa informação para educar os outros sobre estas doenças. Eu fiquei a saber mais sobre a minha doença, como pode estar relacionada com a minha asma e as alergias alimentares, porque existe e porque não desaparece.

Sinto que consigo ser mais proactivo quanto à forma de gerir a minha D.A. e a inflamação associada, em vez de só reagir aos ataques quando acontecem.

O meu conhecimento sobre a inflamação Tipo 2 ajudou-me a ter conversas mais informadas sobre a minha doença. Em vez de ficar à espera das perguntas e dos olhares inevitáveis, aprendi a ser mais direto:

Olá, sou o Isaiah, tenho dermatite atópica, é causada por uma inflamação e não é contagiosa. É assim que a minha pele costuma estar.

Um próximo passo emocionante

Apesar de já ter passado por muito, não quero que tenham pena de mim. Quero contar a minha história para que os outros aprendam a ser solidários e compreensivos, para que possam ser mais atenciosos com quem tem doenças inflamatórias Tipo 2.

Se é para aprender algo com a minha história, espero que seja a nunca desistir.

Aguentei tudo o que as minhas doenças me fizeram passar. Agora, quero deixar as minhas lutas no passado e continuar a seguir em frente com pensamento positivo.

Entrei recentemente na faculdade e, embora possa ser difícil estar num lugar desconhecido e ter de contar a novas pessoas sobre a minha doença, estou animado.

Estou entusiasmado por fazer parte de uma banda e tocar bateria (a minha paixão!). Estou entusiasmado por me ter juntado a um clube de empreendedorismo e de aprender a melhorar o meu negócio de lavagem automática de carros e a fazer novos amigos, novos contactos e talvez até começar um grupo de apoio à D.A..

Quero aproveitar as oportunidades que perdi na escola e ser independente pela primeira vez na minha vida.

Acima de tudo, estou entusiasmado por provar a mim próprio e a todos os que me rodeiam que consigo fazer de tudo.